De “Cangaço Novo” a Cannes, Alice Carvalho diz que “não existe só um jeito de fazer cinema”

Em mais um episódio do quadro “No Cinema” do canal Os Nordestinos Pelo Mundo, o host Leo Paiva recebeu a atriz e roteirista potiguar Alice Carvalho para um bate-papo que revisitou sua trajetória, marcada por resistência e propósito, desde a produção independente até os holofotes do cinema internacional.

Alice falou abertamente sobre a evolução de sua arte e a importância da representatividade nordestina e LGBTQIAPN+ nas telas. O encontro, realizado durante o 35º Cine Ceará, cobriu as experiências da artista em produções que definem sua fase atual, como a aclamada série “Cangaço Novo” e sua emocionante participação no filme “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, exibido no Festival de Cannes.

“Eu me odiei”

Durante a conversa, Alice Carvalho compartilhou a surpresa ao rever seu trabalho na série da Amazon Prime Video. “A primeira vez que eu assisti o Cangaço Novo, eu me odiei,” revelou, confessando que achou sua atuação “too much”. No entanto, ela reconhece que o projeto marcou uma virada em sua carreira, inaugurando uma fase de “consciência de uma maneira de interpretar sem tipos, honesta e sincera”. 

“Eu naturalmente devo isso a uma aproximação com os estudos de Fátima Toledo, que foi a preparadora do Cangaço, instigando uma coisa que já existia em mim e outra que não existia, que era a coragem de colocar o feio e o belo que existia em mim à disposição do trabalho”, explica Alice.  

Trajetória

Considerada uma das atrizes mais marcantes da nova geração, Alice Carvalho é nordestina, natural de Natal, no Rio Grande do Norte. Sua trajetória artística começou no teatro e ganhou projeção no audiovisual como roteirista, diretora e protagonista de “Septo”, a primeira websérie do estado, que abordava um relacionamento sáfico e se tornou um marco de representatividade. 

Atualmente, a atriz segue transformando o cinema e a televisão brasileira com papéis de destaque em produções como “Cangaço Novo”, a novela “Renascer” e o filme que representou o Brasil na corrida pelo Oscar, “O Agente Secreto”. Seu trabalho é reconhecido pela entrega visceral e pela forte conexão com temas de origem, arte, coragem e representatividade, levando o talento potiguar para o centro do debate nacional.

Alice Carvalho também destacou a relevância de sua personagem em “Guerreiros do Sol”, onde contracenou com Alinne Moraes, quando interpretou também um casal sáfico. Para Alice, essa experiência foi um fechamento de ciclo com seu trabalho em “Septo”, sendo um momento de reencontro e de inspiração para outras obras que estão surgindo no país, gerando identificação do público com as personagens. 

O Agente Secreto

Sobre a rapidez e a força de sua participação em “O Agente Secreto”, que emocionou o público em Cannes, Alice desmistificou a ideia de imersão de meses. “Eu não tive como estar imersa [no personagem] porque eu já estava imersa gravando com Irandhir, 14 cenas por dia. Eu não li o roteiro todo, pra você ter noção, eu li as minhas cenas”, disse Alice. 

A cena, gravada em um dia de folga, foi feita com base no nervosismo evocado pela situação e pela presença de Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho, um exemplo de que, segundo a atriz, “não existe só um jeito de fazer”. Ela atribuiu o sucesso da performance à confiança no diretor. “Foi uma das melhores direções que eu tive na minha vida. Eu realmente acho que o Wagner vai receber um grande reconhecimento por esse trabalho, mas isso não chega nem perto da pessoa que ele é”, conclui Alice Carvalho. 

A entrevista completa com Alice Carvalho do “Em Casa” já está disponível no YouTube e nas plataformas de áudio do “Os Nordestinos Pelo Mundo”: 

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