O cantor e compositor Rod Melim é a nova capa digital da Backstage Mag. Em um momento de plenitude artística e pessoal, ele apresenta “Inimaginável II”, sequência que encerra o ciclo iniciado em seu álbum de estreia solo e consolida sua identidade além do trio Melim. Produzido em parceria com Rafael Castilhol, o trabalho reúne sete faixas inéditas e autorais que exploram novas nuances de sua sonoridade, uma mistura de pop, rock e MPB, com letras que equilibram romantismo, introspecção e boas vibrações.
O disco traz participações especiais de Marcelo Falcão, na parceria vibrante “Maré de Sorte”, e da cantora Jenni Rocha, que divide os vocais em “Metro Quadrado”. A produção refinada e os arranjos de músicos como Eduardo Castilhol (cordas), Adalberto Miranda (baixo) e Dede Silva (bateria) reforçam o cuidado artesanal de Rod em cada detalhe, reafirmando seu olhar maduro e sensível sobre a própria arte.
Na entrevista, Rod fala sobre o processo de autodescoberta que viveu durante a criação de “Inimaginável II”, a liberdade e os desafios da carreira solo, e a importância de encontrar equilíbrio entre o trabalho e o prazer de fazer música. Ele também comenta o encontro com Falcão, o simbolismo da presença de Joy, sua esposa, no clipe de “Seu Olhar”, e o sentimento de encerrar um ciclo com gratidão e inspiração.
Entre bastidores, parcerias e novas perspectivas, Rod Melim revela um artista em expansão, mais consciente, versátil e conectado com sua própria essência, celebrando cada passo dessa nova fase com autenticidade e leveza.

Confira agora o bate papo:
“Inimaginável II” fecha um ciclo importante na sua trajetória solo. O que você descobriu sobre si mesmo nesse processo que talvez nem imaginasse antes de começar o projeto?
Nossa, muito legal! Que pergunta interessante, diferente. Faz a gente pensar, né?
Acho que você administrar uma carreira solo é um desafio bem grande quando a gente se propõe a fazer tudo com perfeição, e acho que eu descobri o quanto eu posso ser capaz disso e o quanto cada pessoa que trabalha comigo tem a sua importância em cada momento. Às vezes é o momento de trabalho, mas pode também se tornar o momento de lazer, de unificar as coisas. Eu tenho vivido momentos muitos especiais; vira e mexe trabalhamos intensamente, mas depois vamos ao restaurante comemorar. Isso não acontecia tanto antes. Era trabalho, descanso e cada um para o seu canto. Me sinto feliz e motivado de estar misturando essas coisas. Também feliz porque agora eu posso explorar novas áreas. A carga ficou maior pelo poder de decisão, que era o que eu queria, mas é interessante como um profissional da música pode aprender e crescer. Hoje eu faço composição, gravo a minha voz, faço a produção do disco, participo da mixagem e também trabalho ao lado do diretor do clipe… Estou aprendendo e evoluindo e, claro, me tornando um profissional melhor. É bem legal ver isso tudo, e só agora estou tendo essa oportunidade.
A faixa “Maré de Sorte” traz uma parceria marcante com Marcelo Falcão, um nome com uma energia muito característica. Como foi unir o seu pop solar com essa pegada urbana e reggae dele, e o que esse encontro te ensinou musicalmente?
Foi uma parceria que me deixou muito feliz. Foi a mesma pergunta que eu me fiz quando comecei a compor a canção quando convidei o meu irmão Diogo, que é um grande parceiro que hoje soma muito comigo. Eu pensei: ‘O que eu acho que a gente pode ter em comum?’ Fui ouvir as músicas do Falcão, que eu curto pra caramba, e percebi que as músicas dele têm sempre uma energia de inspiração, assim, sabe? Quando a gente ouve faz a gente se sentir motivado para fazer as coisas. Eu estava num período bastante legal, em que estavam acontecendo várias coisas boas na carreira. E aí, eu escrevi no grupo assim: ‘Pô, que legal! Então estamos na maré de sorte! Aí isso ficou na minha cabeça. Sempre que estou num período de composição e falo alguma coisa diferente, alguma coisa mais marcante assim, eu guardo. Daí eu guardei isso: ‘maré de sorte’ tem uma vibe praiana e, ao mesmo tempo, tem o lance da reflexão de que ‘a maré de sorte é pra quem rema forte sem se acomodar’.
Comecei a escrever a música junto com o Diogo e depois que a gente tinha a música quase pronta, com uma ideia da segunda parte, levei para o Marcelo Falcão escrever a parte dele. E assim finalizamos a canção.
É muito legal quando você grava com o artista com vibe diferente porque você acaba se permitindo colocar coisas diferentes no arranjo. Eu nunca me imaginei cantando num disco meu uma música com essa pegada mais rock urbano, como tem no trabalho do Marcelo Falcão, com o scratch de DJ. Achei que ficou bem legal o resultado e curti a minha voz nesse lugar.

Você vem de um trio onde a harmonia vocal e o coletivo sempre tiveram destaque. O que muda quando a responsabilidade e a liberdade criativa são só suas?
O lance da harmonia vocal me ensinou bastante. Acho que é muito importante ainda no trabalho solo quando eu vou gravar um novo fonograma, eu fazia as camadas de voz, acho que abrilhanta a música. Obviamente que é a proporção dos volumes a gente muda na hora de mixar, para que também não fique uma coisa falsa, de parecer que tem várias pessoas, mas abrir uma terça e fazer um caco (termo técnico de produção), com as coisas que eu aprendi com os fonogramas da Melim, que são bem importantes.
E uma mudança significativa é realmente a quantidade de músicas em que a gente tem que gravar voz leads. Quando você divide com outras pessoas, a voz leads acaba sendo uma voz mais trabalhosa e um pouco mais demorado de ser fazer com uma perfeição. Agora, eu tenho que colocar voz em todas as músicas. Mas não é, necessariamente, uma coisa que eu não goste de fazer; acho que também é legal poder interpretar todas as canções. É um pouco mais fácil para mim em algumas situações como, por exemplo, no repertório de show, enfim, de fazer algumas coisas que só dependem de mim. Então, acaba que uma carreira solo tem seus ônus e bônus, não somente nessa parte da musical, mas também em todo o operacional, como por exemplo: se eu vou para algum evento, antigamente a gente tinha que definir os looks, para a gente estar sempre ornando, de alguma forma, se comunicando nas roupas, mas agora eu posso simplesmente vestir uma roupa que eu curto e vou para o evento. Então, a responsabilidade é muito maior, mas também tem algumas facilidades que fazem parte dessa escolha de ter uma carreira solo. E eu estou curtindo muito esse meu novo momento e já previa que seria assim.
A presença de Joy, sua esposa, no audiovisual de “Seu Olhar”, trouxe um toque íntimo ao projeto. Como foi esse sentimento de ter ela neste trabalho?
Foi muito feliz para mim porque foi num período muito próximo no meu casamento. Inicialmente a ideia era só colocar alguns frames, de pedaços assim eu dando as mãos, de repente ela passando a mão em cima da orelha, mexendo do cabelo, imagens que não entregassem o rosto dela. Só que quando a gente estava filmando as cenas vimos que estava ficando muito bonito e que valia pena, em algum momento, mostrar o olhar dela.
A ideia principal era fazer o clipe como se fosse ela me vendo, então ela não ia aparecer, mas apenas alguns detalhes seus. Mas a gente gostou muito das cenas e acabou usando. Acho que o lance de eu ter uma relação com ela ficou real e fez as pessoas acabarem se identificando mais com a música. Acho que se intensificou mais a mensagem da letra da porque lançamos a música num período próximo ao nosso casamento.
Eu já escrevi várias músicas para ela, canções até que fizeram sucesso, como por exemplo “Dois corações”. É bem especial para mim misturar o lance do pessoal com profissional. A música faz parte da minha vida de forma muito natural, assim como o meu relacionamento. Muitos familiares nossos também acabaram se emocionando, mandando mensagens para mim, “nossa que legal!”, “vi que a Joy participou do clipe”, “muito bonito isso!”, eles disseram. É sempre bom gerar identificação com as pessoas, e isso, de certa forma, faz com que elas acabem absorvendo mais a música e curtindo mais o som.
Produzir o próprio trabalho exige olhar técnico e emocional ao mesmo tempo. Qual foi o momento mais desafiador do processo de produção de “Inimaginável II”?
As etapas são muito desafiadoras, mas acho que a parte da mixagem acaba sendo um desafio maior, porque é onde tudo finaliza. É aonde você vai realmente falar: ‘Pronto, aqui eu o tenho meu fonograma, aqui eu tenho a minha arte, a minha música’. Até chegar nessa etapa a gente vai gravando, conversando e mostrando para as pessoas que estão próximas trabalhando com a gente. Antes eu tinha outros artistas ao meu lado para trocar, mas agora essas escolhas recaem mais sobre mim. Obviamente eu tenho o meu parceiro e produtor Rafael Castilhol, que dá o toque técnico, mas o olhar artístico acaba sendo do artista. Então, eu sou eu com o Arthur Luna, que mixa e masteriza. É uma responsa grande, mas acho que também já tive a oportunidade de fazer isso tantas vezes que acabei pegando a prática. Não é uma coisa que me assusta muito, é só uma responsabilidade como qualquer outra. Tudo que faço em relação à minha carreira eu sempre levo bastante a sério. E assim vou aprendendo e tentando dar o meu melhor.

Se “Inimaginável II” fosse um pôr do sol, em que lugar do mundo ele estaria acontecendo, e com que sentimento você gostaria que as pessoas o assistissem?
Se “Inimaginável II”, fosse um povo do Sol, ele seria um pôr do sol bem alaranjado. Que traria para as pessoas inspiração, reflexão, nostalgia. Essa é um pouco da vibe que as músicas me passam. O local exato não sei se eu tenho na cabeça, mas qualquer lugar que tenha uma praia, um pôr do sol com as ondas, uma paisagem bem clichê do mar, um pôr do sol, final de tarde, onde a gente pode sentar ali e admirar a natureza; pensar um pouco como foi a nossa vida até aqui e o que queremos a partir daqui. Acho que é isso.
E para terminar, qual o momento mais marcante de todo o backstage de “Inimaginável II”?
O que vem na minha cabeça são essas reuniões em que a gente acaba comemorando depois. São momentos em que a gente celebra cada passo, quando a gente fecha um show legal, quando uma parceria é aceita, quando vamos fazer um programa de TV. Todos esses acontecimentos desde a assinatura de contrato com a gravadora são motivos de comemorações, são conquistas na carreira, coisas que nos aproximam do estilo de vida que a gente quer viver, que a gente já viveu e que a gente busca viver de novo. Aquele ápice de fazer muito shows por mês, estar em vários lugares cantando, recebendo a galera.
Só que isso agora é um tempo de um pouco mais de calma, de tranquilidade, até pelo know-how que a gente já tem por já ter passado por muitas experiências. Também é um momento de uma maior estabilidade financeira, o que muda bastante o game, mas o que me vem à cabeça desses momentos de bastidores do “Inimaginável” são sempre essas comemorações, momentos em que a gente está brindando, comemorando as conquistas e sempre com olhar positivo e otimista em relação ao futuro.


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