Jupta na Backstage Digital | Ed. 39

Depois de mergulhar fundo em temas densos como saúde mental, polarização social e aflições da comunidade LGBTQIA+, a banda Jupta, que estampa a nossa nova capa digital, surpreende ao revelar seu lado mais leve e apaixonado em “Seu Cheiro”, novo single que chega a todos os aplicativos de música nesta quarta-feira (11 de junho) pela Marã Música. Com uma sonoridade que mantém o rock alternativo característico da banda, mas explora novas dinâmicas e texturas, a faixa marca um momento importante na trajetória do grupo, que se prepara para lançar seu terceiro álbum em julho de 2025.

A faixa nasceu nos momentos finais da pré-produção do álbum ULTRA, quando o baterista Henrique Oliveira apresentou uma demo gravada em casa, sem grandes pretensões. O que começou como um esboço, logo conquistou o grupo e entrou no disco de última hora.

Musicalmente, “Seu Cheiro” apresenta uma construção gradual: a guitarra surge tímida, e a canção vai ganhando corpo até o refrão, interpretado, pela primeira vez, pelo próprio Henrique, dando um novo timbre e perspectiva à narrativa da Jupta. A métrica vocal, inédita até então nas composições da banda, também adiciona um elemento de surpresa e renovação.

O lançamento da faixa será acompanhado de um videoclipe, que chega ao YouTube em 12 de junho, ao meio-dia, com direção de Pedro Borba. Gravado em São Paulo, o vídeo funciona como uma extensão audiovisual do universo da banda, contrastando o encantamento da “lua de mel” com a aridez da realidade solitária.

Formada em Jundiaí (SP), a Jupta surgiu em 2018 de conversas entre amigos em filas de shows,  encontros que misturavam ideias mirabolantes e paixões por pedais de guitarra. O trio original – Flores (vocais), Henrique (bateria) e Marcus (guitarra) – se expandiu em 2020 com a entrada de Daniel (baixo), adicionando mais camadas ao som já denso e teatral da banda. As influências transitam entre Queens of the Stone Age, Secos & Molhados, Muse e Supercombo, numa fusão que busca sempre a intensidade e a autenticidade.

Nos últimos anos, a banda tem se consolidado no cenário alternativo brasileiro. O single duplo “ULTRAVIOLETA / ESPIRAL” (2024) inaugurou oficialmente a fase ULTRA com um clipe viabilizado pela Lei Paulo Gustavo. Antes disso, “Ainda Somos Estranhos” (2023) reafirmava a estética crua e sonhadora da banda, com um clipe gravado em uma pedreira que chamou a atenção pela ousadia visual.

Para saber todos os detalhes deste novo lançamento, confira uma entrevista exclusiva com o grupo:

“Seu Cheiro” marca a primeira vez que a Jupta fala de amor de forma direta. Como foi o processo de abrir esse espaço mais íntimo e vulnerável na composição, especialmente após trabalharem temas tão densos em faixas anteriores?

Sempre foi o tema mais difícil de encontrar o tom — talvez justamente por sua (grande) importância e delicadeza. Abrir esse espaço foi um processo longo, que começou junto com a banda, mas que por muito tempo tivemos dificuldade de encaixar a nossa estranheza em algo tão potente. Desde o começo, foram dezenas de tentativas descartadas ao longo dos anos. Só conseguimos nos encontrar no amor quando o Henrique teve a atitude de criar a demo.

A faixa nasceu de uma demo despretensiosa do Henrique e acabou entrando no álbum na reta final. O quanto o improviso e a espontaneidade ainda têm espaço na criação de vocês, mesmo em momentos tão estratégicos como a finalização de um disco?

Estamos sempre abertos a tudo que a arte pedir ou nos propor. Embora cada composição tenha um norte, sempre deixamos a porta “meio aberta”, permitindo que algo inesperado apareça, justifique seu espaço no som. Foi assim com várias faixas do disco, que mesmo após a mixagem, tivemos novas ideias e decidimos modificá-las.

Foto: Natan Carrara

A escolha de Henrique para cantar o refrão principal trouxe uma nova perspectiva à sonoridade da Jupta. Como vocês decidem esses momentos de troca de vozes e como isso influencia a narrativa das músicas?

Dessa vez, foi uma escolha para preservar a essência da faixa e entregar o refrão para quem tinha o alcance vocal necessário. No geral, as aberturas de vozes acontecem de forma bem natural — quando percebemos, as harmonias já estão lá. Também gostamos de explorar os timbres de cada um, então sempre experimentamos todas as possibilidades.

O videoclipe de “Seu Cheiro” apresenta um contraste entre o encanto da “lua de mel” e a solidão da realidade. Essa tensão entre sonho e realidade será um fio condutor do álbum ULTRA? O que podemos esperar desse novo trabalho?

ULTRA é um disco que passou por um longo processo de criação. Nele, buscamos contar uma história de “auto revolução”: um despertar para o mundo e para si mesmo. Autoaceitação, autoconhecimento, amor-próprio, amor romântico e revolta se entrelaçam para traçar o caminho rumo à versão ULTRA de nós mesmos — não a perfeição, mas o melhor que pudermos ser. Nesse sentido, a tensão entre sonho e realidade é um ótimo reflexo do que o disco transmite: a busca por algo e o caminho até conquistá-lo.

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