Formada originalmente em San Diego (EUA) e hoje com nova formação no Brasil, a Losermind vem se consolidando como uma das bandas mais promissoras da cena independente nacional e estampa a nova capa digital da Backstage Mag. Agora 100% brasileira, a banda conta com Nando Roldan (baixo e voz), Leandro (guitarra e voz), Lucas (guitarra) e Carol Galindo (bateria), numa formação que traz não só novos rostos, mas também uma nova energia criativa, colaborativa e plural.
Unindo o espírito do do it yourself com influências que vão de Blink-182 e The Damned até os dias dourados da MTV e da Vans Warped Tour, o grupo apresenta um som visceral, nostálgico e atual.
O álbum Haunted House, lançado pela Jazzly Records, é uma síntese potente dessa identidade. Gravado de forma artesanal por Nando Roldan — baixista, vocalista e fundador da banda — durante o isolamento da pandemia, o disco é um retrato cru e melódico de tempos turbulentos. Um diário emocional que explora temas como o medo, o luto, o trabalho exaustivo e o desejo de transformação.
Com produção, mixagem e masterização realizadas dentro do próprio estúdio da banda, Haunted House não é apenas uma obra musical: é um manifesto de autonomia criativa.
Agora, em parceria com a Marã Música, a Losermind dá início a uma nova fase. A proposta é expandir fronteiras e levar o som da banda a novos públicos, com mais presença nos palcos, nas mídias e nos espaços onde o pop punk e o rock alternativo se mantêm vivos e pulsantes. A Marã entra como parceira estratégica, permitindo que o grupo ganhe fôlego para focar na criação e nas apresentações, abrindo caminho para os próximos lançamentos já em produção.
O álbum se abre com faixas intensas e marcantes como Storm Without Calm, que captura a ansiedade dos dias de incerteza com lirismo e força sonora. A faixa se coloca como uma resposta simbólica à clássica Calm Before the Storm, do Fall Out Boy, estabelecendo um contraponto emocional que ressoa mesmo fora do contexto pandêmico. Com direção de Leandro Oliveira e roteiro assinado por Nando Roldan, o videoclipe da música traduz em imagens a tensão interna e a busca por respiro em meio ao caos — uma obra audiovisual que reforça a densidade do som da banda.
Já Overcome injeta otimismo no repertório, trazendo à tona a energia acelerada do punk rock californiano com um recado direto: há valor no processo, e há luz no fim do túnel. A surpresa da canção aparece nos versos finais, em português, que conectam o discurso da banda com sua realidade local e identidade brasileira.

Entre os momentos mais melancólicos e introspectivos, Damned se destaca por sua construção dramática e homenagens simbólicas — da citação direta ao título do álbum à reverência à lendária banda The Damned, além de referências à estética lírica de Heard That Sound, do MxPx. O videoclipe, dirigido e montado por Leandro Oliveira, mergulha no universo estético da faixa com cortes precisos e fotografia sensível, reforçando os temas de isolamento, saudade e esperança que permeiam a letra.
Com um pé na nostalgia e outro na inquietação contemporânea, Haunted House representa um ponto de virada na trajetória da Losermind. A banda se reinventa sem perder sua essência — e prepara o terreno para um novo capítulo que já está em gestação: um novo single, um novo videoclipe e um novo álbum a caminho.
Confira uma entrevista exclusiva com a banda:
“Haunted House” foi gravado de forma bastante artesanal, refletindo uma forte autonomia criativa da banda. Como esse processo, feito em casa, influenciou a sonoridade e a carga emocional do álbum?
Nando: Foi um momento bem difícil. Estávamos todos em quarentena por conta da pandemia, e começar a gravar, mixar e produzir do zero foi bastante desafiador. Acho que precisei regravar cada música umas 10 vezes. Existia a insegurança de fazer tudo sozinho, mas também havia muita verdade e vontade de se expressar, de fazer acontecer.
Eu já tinha tocado guitarra numa banda com o Lucas e o Leandro, lá em 2007, e tinha uma boa noção de produção musical, graças a vários produtores com quem aprendi e cursos que fiz ao longo dos anos. O baixo era o instrumento que eu mais tinha tocado em outras bandas, mas a bateria foi o maior desafio. Hoje em dia eu faço aula e tenho a Carol comigo, mas na época foi puxado.
Tem uma história engraçada sobre a “Story of Our Lives”, que a gente quase não comenta. Essa música já trazia o Leandro num feat. Lembro de ter acordado com uma letra na cabeça e uma ideia de som com uma vibe mais épica, com uma estrutura menos comercial. Durante uma videochamada, falei sobre essa ideia com o Lêh. Naquela época, por conta da pandemia, eu, ele, o Lucas e mais alguns amigos fazíamos algumas calls pra matar a saudade. Em uma delas, o Leandro se ofereceu pra colaborar remotamente, ele disse que tinha umas linhas no violão que podiam funcionar. Mal sabíamos que, anos depois, o universo ia juntar Lucas e Leandro na Losermind.
Na reta final do disco, depois de tudo gravado e produzido, eu perturbei bastante o Thiago Redim (o Nigeria, do Hardneja Sertacore), que já tinha produzido minha antiga banda e me ajudado no Trying Not to Fail. Ligava direto perguntando se ele podia me dar umas aulas de mix e master, porque eu tava desesperado, eram 10 músicas pra lançar e eu estava fazendo tudo sozinho. Ele me ajudou demais. Assim como o mestre Paulo Anhaia, que nunca vou esquecer. Ele me deu um conselho valioso: que era importante lançar, mesmo com insegurança. Que, se fosse bom, eu teria orgulho. E, se envelhecesse mal com o tempo, também seria importante ter esse registro pra lembrar, aprender e melhorar. E que esse tipo de sentimento só vem depois do lançamento.
Sobre a escolha da mix e dos graves: eu queria algo mais claustrofóbico, um pouco abafado mesmo, pra remeter ao sentimento de sufocamento, medo e luto que muita gente estava vivendo na pandemia. Diferente do Trying Not to Fail, esse álbum carrega emoções mais misturadas um sentimento agridoce, um pouco de melancolia, mas com doses de felicidade.
Vocês passaram por uma transformação importante ao se tornarem uma banda 100% brasileira, depois da formação inicial em San Diego. Como essa mudança impactou a identidade musical e a dinâmica interna da Losermind?
Nando: Mudanças sempre dão um certo trabalho no começo, mas tudo valeu muito a pena. A banda foi fundada em San Diego, mas por integrantes brasileiros: Rodz, Roger e eu. A gente já tinha muitas referências, tanto internacionais quanto de bandas brasileiras e isso sempre foi um diferencial na forma de compor e se posicionar.
Quando passamos a nos comunicar em português nas redes e começamos a atuar por aqui, alguns brasileiros até viraram a cara quando descobriram que também éramos do Brasil. Isso nos deixou meio tristes. Mas, por outro lado, muita gente se surpreendeu, curtiu e acompanha a gente até hoje. Foi um período que a banda era somente eu, ou seja, não tinha banda mais, só um projeto.
Independente de tudo isso, nós acreditamos muito na força do cenário independente brasileiro, porque a persistência e a resistência estão muito presentes na nossa cultura. Com a nova formação, comigo no baixo e voz, o Lêh na guitarra e voz, o Lucas na guitarra e a Carol na bateria, a dinâmica da banda ficou mais focada e ágil, o que tem ajudado muito no processo de composição e gravação.
Carol: Sim, com essa formação nova, cada um foi colocando um pouco de si nas músicas. Dá pra perceber isso nos ensaios e nos shows. Cada canção tem um toque próprio. Está soando diferente.
Nosso entrosamento também foi crescendo com o tempo, e hoje, só de olhar, já sabemos o que o outro quer ou precisa.

Em “Storm Without Calm” e “Overcome”, é possível perceber tanto a angústia quanto a esperança nos temas que vocês abordam. De que maneira esses sentimentos guiaram a escolha das músicas e o conceito visual dos clipes?
Lêh: Desde o início, quando comentei com o Nando que algumas músicas do Haunted House dariam bons clipes, Storm Without Calm foi a mais cogitada. O videoclipe mostra não só a ideia lúdica por trás da letra, mas também o sentimento vivido no momento em que ela foi escrita.
Foram vários os fatores que nos levaram a escolher essa música pro clipe, e acredito que um deles foi o fato de estarmos quase no “fim” da pandemia, todos muito cansados, emocional e fisicamente. O clipe tenta retratar o dia a dia de uma pessoa enfrentando problemas psicológicos no meio do caos, sem muita esperança e sem saber o que viria pela frente. Acho que muita gente que está lendo isso já se fez essa mesma pergunta.
Mas sempre existe uma esperança e Overcome vem justamente como ponto de virada, gritando em sua letra:
“E não há mais revolta, não
Encontre a luz na escuridão
Ver mudar e não desistir
Mais um pouco, o sol irá se abrir.”
Tudo isso em português mesmo, Pra todo mundo ouvir.
Agora com a parceria com a Marã Música e novos lançamentos a caminho, o que os fãs podem esperar dessa nova fase da Losermind, em termos de som, estética e presença nos palcos?
Lucas: A Losermind está vivendo um momento muito legal. Estamos produzindo, gravando e com várias ideias pro futuro. Estamos investindo bastante tempo e carinho pra que tudo isso se torne realidade.
Como spoiler, posso dizer que as novas músicas trazem influências diversas da banda como a Carol já comentou antes. Tem pitadas que bebem de estilos que vão do trap ao metal.
Estamos em processo de gravação e, ao mesmo tempo, buscando fazer muitos shows pra já ir aquecendo o público.
Agora, com a parceria da Marã Música, tudo tende a evoluir mais rápido e de forma mais assertiva.
Nando: Total! O Lucas tem razão. A Marã vem pra desafogar um pouco a banda, que acabava fazendo tudo por conta própria. Isso nos dá mais tempo pra focar em montar os shows, compor, gravar… e se divertir!
Carol: Além disso, os fãs podem esperar músicas novas no setlist e também músicas antigas com uma sonoridade diferente — com mais pegada, mais barulho. Não entendeu? Vai no show pra sentir! hahaha
Ah! Temos merchan novo chegando e mais novidades que vamos revelar em breve.
Aguardem!
+ There are no comments
Add yours