Banda Poisé na Backstage Digital – Ed. 14

Se preparando para o lançamento de seu primeiro álbum completo, “Nada”, a banda Poisé estampa a nova capa digital da Backstage Mag. O novo trabalho chega nesta sexta-feira (18), pela gravadora Marã Música.

Com sete faixas, incluindo cinco inéditas e duas já conhecidas pelo público – “Nunca Eu” e “Ilha de Edição” –, o álbum promete uma experiência musical profunda e melancólica, marcada por reflexões existencialistas. Com uma sonoridade que mistura indie rock, rock alternativo e influências brasileiras e latinas, “Nada” explora temas como a angústia, o vazio e a aceitação da incerteza que permeia a vida.

O título “Nada” carrega uma dualidade que reflete bem a essência do disco: ele se refere tanto ao verbo “nadar” quanto ao substantivo “nada”, que simboliza o vazio e a ausência.

Saiba mais detalhes sobre o futuro álbum na entrevista a seguir:

O álbum “Nada” traz uma dualidade interessante no título, explorando tanto o vazio existencial quanto o ato de nadar e enfrentar as correntes da vida. Como essa ideia central de água e vazio foi se desenvolvendo ao longo do processo criativo e como ela influencia a sonoridade do álbum?

A parte do vazio existencialista  já vem se desenvolvendo desde que a gente nasceu. rs

Já a parte da água fluiu naturalmente ao longo da produção do disco. Em algum momento, há uns 2 anos, percebemos que a gente fazia muitas menções e metáforas com à água, em todas suas formas e estados. E aí foi só abraçar mais esse conceito, tentando fazer o disco todo soar mais “molhado” e levar nossa criatividade para esse lugar. Mas foi um processo de pelo menos 3 anos… gravando desde composições que fizemos há 10 anos atrás, até músicas que fizemos quando já estávamos em estúdio.

Vocês mencionaram que o processo de gravação de “Nada” durou quase três anos e reuniu composições de diferentes momentos das vidas dos integrantes. Como vocês conseguiram manter uma coesão temática e estética entre músicas de períodos tão distintos?

Acho que todo artista tem uma temática que se repete um pouco e que dá alguma coesão para a obra.

Apesar de serem períodos distintos, essa angústia existencial é algo que marca a Poisé desde o início. Somos bem “overthinkers” nesse sentido. Esse álbum é uma forma de elaborar, lançar isso pro mundo e quem sabe encontrar pessoas que também se sentem assim. Ou, pra usar um termo da psicanálise que também faz um metáfora com água, esse disco foi uma forma de sublimar essa angústia. 

A faixa “Ilha de Edição” faz uma crítica às redes sociais e à nossa obsessão por parecer algo que não somos. Como temas contemporâneos como esse influenciam a maneira que vocês abordam suas composições e a conexão com o público?

Sabe quando a gente vive um dia que é muito ruim, e tira uma foto, edita ela e põem nas redes sociais? E isso se torna uma versão da realidade que na verdade é uma farsa? 

Ninguém sabe mais o que as pessoas vivem de fato, são muitas narrativas inventadas. Essas questões, de como isso impacta a nossa visão de nós mesmos e o que decidimos contar sobre nós tem relação direta com o que a gente questiona ao longo do álbum inteiro. De forma objetiva, seria uma provocação como “quem você realmente é?”. A gente quer se conectar com o público a partir destes questionamentos. Queremos nos conectar com quem também se faz esse tipo de pergunta.

Sem contar que as redes sociais hoje são um problemão pra gente, enquanto sociedade. Além de elas estarem nos desconectando da realidade, elas estão nos fazendo muito mal em termos de saúde mental. No caso dos artistas é ainda pior, porque boa parte do trabalho de um artista hoje é alimentar algoritmos que exigem cada vez mais recorrência de quem cria conteúdo. Artistas trabalham de graça pras big techs, pra ter alguma chance de ter seu trabalho notado ou reconhecido. Em todos esses sentidos, as redes sociais são sempre alvos da nossa reflexão enquanto artistas, e mesmo enquanto pessoas em busca de conexões mais reais e genuínas. 

“Nada” também marca a primeira vez em que vocês estão investindo em uma estratégia mais ampla de marketing e divulgação. Como está sendo essa nova fase para a banda e quais são as expectativas para alcançar um público maior com esse lançamento?

Pra gente, a fase de divulgação de um álbum é a mais estranha de todas. Por um lado é  um momento bem estressante, porque existe uma demanda muito grande por projetar expectativas e também por alimentar os algoritmos das redes. 

Depois que já fizemos aquilo que queríamos fazer, a música, chega essa hora que a gente precisa mostrar pras outras pessoas. E por algum motivo a gente vinha sempre optando por não gastar energia na divulgação, sendo que todo mundo sabe que é onde nossa energia faz mais diferença em termos de audiência que um trabalho pode alcançar.

Nosso objetivo nessa fase é basicamente tentar mostrar nosso trampo pras pessoas que a gente gostaria que conhecessem. 

No fundo, só queremos nos conectar com outras pessoas que estão fazendo um som, fazendo sua arte, ou que simplesmente sejam como a gente e que não tenham tanto medo de pensar nas suas próprias angústias existenciais. 

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