Erick Galvão na Backstage Digital | Ed. 36

Nos palcos e bastidores do teatro brasileiro, Erick Galvão, que estampa a nova capa da Backstage Digital, se destaca como um artista multifacetado, que une talento e compromisso. Ator, produtor e educador formado pela Escola SESC de Artes Dramáticas, ele carrega uma trajetória marcada por intensa participação em festivais nacionais e projetos culturais. Agora ele integra o elenco do espetáculo “O Patinho Feio”, que estreia no dia 10 de junho nos palcos do Teatro Raul Cortez, em Duque de Caxias. 

Com leveza e profundidade, a peça aborda temas como aceitação, pertencimento e diversidade, tudo costurado pela poesia do cordel e pela musicalidade ao vivo. Com elementos da cultura popular nordestina, a montagem celebra o poder da diferença e a beleza das relações verdadeiras, com um olhar sensível voltado para o público infantil.

A produção do espetáculo é realizada pela Candhí Produções Artísticas, produtora cultural fundada pelo ator, dramaturgo e produtor Cesário Candhí, que celebra 40 anos de carreira artística com essa montagem. A produtora promove duas apresentações no dia 10 de junho, destinadas à formação de plateia com alunos das escolas municipais de Duque de Caxias, por meio de um projeto contemplado no Edital de Chamamento Público nº 01/2024, através da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura. A iniciativa conta com o apoio do Ministério da Cultura e da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Duque de Caxias. 

No espetáculo, Erick Galvão dá vida ao personagem central, “O Patinho Feio”, que apresenta a diferença e a busca pela aceitação. Em entrevista, ele compartilha bastidores, desafios e aprendizados que vem vivendo com a obra “O Patinho Feio”, fala sobre sua relação com a linguagem do cordel e revela como é dar vida a um personagem tão simbólico e necessário nos dias de hoje. Confira:

Qual o seu personagem neste espetáculo e qual o papel dele na história? Conta um pouco mais pra gente?

Sou “O patinho Feio”. O Papel dele é representar aquele que é diferente, que não se encaixa nos padrões, e que precisa encontrar dentro de si a coragem para seguir em frente, mesmo diante das rejeições dos outros animais e as dificuldades. A história dele mostra a importância de enfrentar os próprios medos, de se aceitar como é, e de cultivar o amor-próprio, porque só assim a gente descobre quem realmente somos.

Como foi trabalhar com a linguagem do cordel? Ela te provocou artisticamente de alguma maneira nova?

Trabalhar com a linguagem do cordel foi uma experiência incrível. Eu nunca tinha atuado em um espetáculo que usasse o cordel como base narrativa, e foi algo muito provocador artisticamente. Para contar a história dessa forma, a gente precisa ter ainda mais foco e atenção, porque as palavras não podem ser trocadas, qualquer mudança pode alterar completamente o sentido dos versos. Além disso, no espetáculo, a gente interpreta, canta e toca instrumentos ao mesmo tempo, o que exige presença cênica o tempo inteiro. É um desafio grande, mas também muito prazeroso. A gente se diverte no palco. Eu, particularmente, nunca tinha visto um espetáculo com essa mistura de cordel, música e atuação tão integrada. Foi uma proposta muito interessante e original de se montar.

Se o seu personagem pudesse dar um conselho para uma criança que se sente diferente, qual seria?

Eu diria pra ela cultivar o amor-próprio e lembrar que ser diferente não é um problema. Que não importa o que os outros digam, porque só ela sabe o valor que tem e o quanto é especial por ser exatamente como é. O importante é existir do jeitinho dela. 

Qual momento da peça você mais gosta de apresentar e por quê?

Tem dois momentos que eu gosto muito. Um deles é a música que o Patinho canta com a Graúna, uma personagem “passarinho” que ele conhece no meio do caminho. É uma cena cheia de sensibilidade, onde nasce uma amizade verdadeira. O outro momento é quando o Patinho toma coragem e enfrenta seu maior medo: atravessar o rio. Com a ajuda da Carranca, ele consegue superar esse desafio, e é lindo ver como as crianças se empolgam nessa hora. É um momento de superação que toca os pequenos.

O espetáculo “O Patinho Feio” já foi premiado e indicado em diversas categorias, inclusive como Melhor Espetáculo. Para você, o que torna essa montagem tão especial e premiada?

O que torna essa montagem tão especial é o cuidado com cada detalhe. Tudo foi pensado com muita sensibilidade, desde as músicas, que ajudam a contar a história de forma emocionante, até a forma como o cenário, o figurino e os objetos de cena criam um universo cheio de significado. As luzes de quermesse, por exemplo, lembram o sertão e traz uma atmosfera incrível pro palco. E a mala, que é um dos principais elementos, representa o retirante que sai em busca de um novo lugar. Acho que o espetáculo se destaca justamente por isso: por juntar tantos elementos simples, mas cheios de significados.

Na sua opinião, o que diferencia essa montagem de “O Patinho Feio” de outras peças infantis que circulam pelo país?

Acho que o que mais diferencia essa montagem é a maneira como a gente conta a história. Usamos a linguagem do cordel, com música ao vivo, instrumentos no palco, narração rimada e uma estética que valoriza a cultura popular nordestina. Tudo isso aproxima o público, especialmente as crianças, de uma linguagem rica e diferente do que elas costumam ver por aí. É uma peça que trata de temas importantes, como identidade, pertencimento e aceitação, mas de um jeito leve, poético e divertido. E isso acaba tocando tanto os pequenos quanto os adultos.

Você está ao lado de um artista como Cesário Candhí, que celebra 40 anos de carreira e ainda atua, escreve e produz. O que você aprende com ele nos bastidores?

Acho que o que mais me chama atenção é a forma como ele lida com o trabalho, o palco e as relações com os colegas. O Cesário traz uma leveza e uma descontração que fazem toda a diferença no ambiente de trabalho. Amo as histórias dele haha. Além disso, ele escreve bem, atua e tem um vozeirão. É uma grande inspiração para os mais novos.  Estar ao lado de alguém com tanta experiência e, ao mesmo tempo, tanta generosidade, é um aprendizado.

Se pudesse deixar um convite em uma frase para quem ainda não sabe se irá assistir ao espetáculo, o que você diria?

Quero convidar todos vocês para assistir a esse espetáculo lindo e inspirador, que fala sobre aceitação, diversidade e a riqueza da cultura popular nordestina. Em um país como o nosso, onde fazer arte é uma luta diária, o apoio dos amigos faz toda a diferença. A entrada é gratuita, então me surpreendam e venham viver essa história com a gente. O Patinho Feio espera por vocês!!

Como está a expectativa para a apresentação do dia 10 de junho?

A expectativa está enorme para voltar aos palcos com “O Patinho Feio”, ainda mais sendo a nossa primeira apresentação do ano. É um espetáculo de uma força gigantesca, que emociona e deixa sua marca por onde passa. Que seja um grande dia em Duque de Caxias, no Teatro Raul Cortez. A gente está cheio de vontade de reencontrar o público. MERDAAAA!

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