O projeto Furtacor, criado e liderado pelo cantor e compositor Caio Villafanha Negro e que estampa a nova capa digital da Backstage Mag, lança no dia 05 de dezembro o single “Carregando Pedras”, disponível em todos os apps de música pela Marã Música. A faixa antecipa o álbum Músicas Que Refletem Suas Cores e nasce de uma experiência teatral intensa, um encontro entre existencialismo, experimentação sonora e uma observação sensível das obsessões humanas.
A composição surgiu em 2022, logo após Caio assistir a uma leitura dramática de Molloy, de Samuel Beckett. O impacto da dramaturgia, com seu humor sombrio e suas reflexões sobre identidade e colapso existencial, guiou o nascimento da canção.
Mesmo escrita depois das outras faixas, a canção encaixa-se naturalmente no conceito do álbum “Músicas Que Refletem Suas Cores”, que o artista lança em breve.
Caio também celebra o fato de “Carregando Pedras” ganhar clipe, algo que intensifica a teatralidade já presente na faixa. O videoclipe, que chega ao YouTube no mesmo dia do lançamento da música, foi gravado em uma pedreira em Rio Claro (SP), a Partecal, localizada dentro do Geoparque Parque Corumbataí, um território de grande relevância científica, ambiental e cultural.
A produção buscou um cenário árido, composto apenas por terra, pedras, vento e água, reforçando simbolicamente o peso das obsessões retratadas na música. Com direção e fotografia de Bianca Souza, direção de atuação de Luciana Mizutani e figurino de Bruno Moraes, o clipe se constrói a partir de três perspectivas: o artista (contador de histórias), o ator (quem vive a história) e o espectador (quem recebe a narrativa).
Confira uma entrevista exclusiva com o artista:
Como foi que a leitura de Molloy, do Beckett, despertou a ideia para “Carregando Pedras”? O que mais te marcou nessa experiência teatral?
Beckett se enquadra no Teatro do Absurdo, movimento que nasceu pós Segunda Guerra, com personagens desiludidos, sem propósito, pessimistas e confusos. A narrativa é sem lógica e circular, gerando até certo incômodo na leitura ou na apresentação. O sentimento gerado ao assistir a leitura dramática, me fez criar certas comparações com situações de pessoas próximas, e até algumas situação que passei. Então quis comparar o lance das pedras com crenças, propósitos, traumas, memórias etc, quaisquer dessa situações que fazem nós ficarmos preso num movimento, e nessa a vida passa. Essa experiência teatral realmente me atravessou. Sabe quando parece que você fica preso e até entorpecido com alguma obra? Depois, tirei todo esse sentimento com a letra.

A música tem uma sonoridade bem diferente, com instrumentos gravados de formas pouco convencionais. Como você chegou a essa construção sonora tão experimental?
Inicialmente, eu escrevi a percussão com alguns samples e instrumentos digitais pouco convencionais. A construção da música chegou quase pronta no estúdio. Depois o produtor Renato Cortez (Mato Records), ajudou a chegar nos timbres usando os instrumentos e formas de gravar diferentes. Por exemplo, a bateria foi gravada com um único microfone específico para gaita, dando um timbre bem agudo. Depois vários outros elementos foram adicionados. Alguns efeitos foram utilizados dá pré-produção que fiz. Por exemplo um violão com amplificador de guitarra com um monte de efeitos e um trompete gravado numa sala bem ecoada e alterado o pitch, ficando de reverb do trompete principal. Além disso, tem bolhas sopradas em garrafas, ukulele, trompete e um baixo gravado com pedal de sintetizador.
“Carregando Pedras” faz parte do seu novo álbum Músicas Que Refletem Suas Cores. De que maneira essa faixa conversa com o conceito do disco?
O disco todo tem um conceito de desconstrução, autoconhecimento, estéticas diferentes e uma forma mais artística de fazer música. Tive muitas referências sonoras que fogem do convencional e todo esse impulso gerou também sonoridades únicas. Carregando Pedras tem também essa estética sonora e da letra.
No clipe você realmente precisou “carregar pedras” sob sol forte. Como foi gravar nesse cenário e o que essa experiência acrescentou ao significado da música para você?
O videoclipe foi gravado numa pedreira em Rio Claro. E tem várias cenas que nós utilizamos as pedras, tanto para carregar, como para compôr o cenário. Como tínhamos que aproveitar uma manhã ensolarada e com muito vento de domingo, as pedras serviram também para segurar parte do cenário que queria voar. Então, foi o tempo inteiro carregando pedras, além de uma cena específica que eu literalmente carrego as pedras num saco, (sim, estava pesado).


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