O talentoso cantor e compositor Pedro Antônio, estampa a nossa nova capa digital. O artista prepara o lançamento de sua nova faixa, “Outras Águas”, que chega em todas plataformas digitais no dia 21 de fevereiro. A música, que percorreu um longo caminho até ser concluída, traz uma reflexão sobre o tempo e as águas que nos movem, com influências profundas da obra de Santo Agostinho e de vivências pessoais do artista.
A ideia da canção começou a surgir durante um fim de semana em Ubatuba, onde ele estava com sua família. Brincando com o violão, uma levada diferente chamou sua atenção e, naquele momento, ele já estava imerso na leitura das “Confissões” de Santo Agostinho, em que o filósofo reflete sobre a natureza do tempo.
Apesar de ter parado no segundo verso, a canção ficou adormecida por um bom tempo até que Pedro se reaproximou dela. O reencontro com a música aconteceu durante uma visita ao cantor Zé Alexandre, em Poços de Caldas, onde a dupla trabalhou na canção. O título da música foi inspirado por um verso de Zé: “São outras águas movendo o mesmo moinho”, uma frase que Pedro considera profundamente poética.
A produção musical de “Outras Águas” contou com a participação dos músicos Pedro Antônio, Zé Alexandre, Pedro Ferreira, Edson Jr., Gabriel Rimoldi, Eduardo Coelho, Cajuzinho e Jack Will.
Este projeto foi viabilizado pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura – PMIC – Prefeitura Municipal de Uberlândia, sob incentivo do Instituto Unimed Uberlândia e Gran Executive Hotel.
Pedro Antônio, natural de Paracatu, Minas Gerais, tem uma carreira sólida no cenário da música brasileira. Com influências que vão da música raiz à MPB, ele é conhecido por sua capacidade de dialogar com a tradição e a inovação. Ao longo de sua carreira, foi parte de projetos como o grupo Mina das Minas, a banda Terramérica, e lançou diversos álbuns solo. Em 2024, ele lançou o aclamado “Por Outros Sóis”, e agora, com “Outras Águas”, ele segue consolidando seu lugar no coração dos brasileiros com seu talento singular.”
Para saber mais detalhes do novo lançamento, confira uma entrevista exclusiva com o artista:
“Outras Águas” passou por um longo processo até ser finalizada. Como foi esse percurso criativo e o que fez com que a música encontrasse seu momento certo para ser concluída e lançada?
Eu sou basicamente um compositor de canções, embora não componha o tempo todo, na verdade, faço poucas músicas. Mas quando me chega uma ideia, ou uma levada, como foi o caso de “outras águas”, fico ali macetando até que fique satisfeito com um primeiro resultado. Depois vou aprimorando.
Mas, esta música chegou assim em um momento em que não estava muito disponível para compor. Tinha acabado de chegar à praia do Lázaro em Ubatuba e estava com a família, sedento para molhar meus pés no grande riacho e brincar com meus filhos, que eram pequenos à época. Isto há uns 20 anos atrás.
E aquele momento ali me pedia presença, exigia que eu me esquecesse do passado, do futuro e só curtisse. Mas gostei da levada diferente que tinha feito e ficava repetindo-a.
Aquelas circunstâncias me levaram aos primeiros versos. Gostei mas deixei para trabalhar na letra depois, em outro momento
Sempre que eu retornava àquela batida, que gostava, a letra não saía. Achava muito complicado fazer uma letra sobre um assunto que nem o filósofo conseguiu definir. Pensei em mudar de assunto. Foi quando surgiu o refrão: “Brinca de vida, colha esse mel, beba esse mar que há no céu”
Tempos depois, encontrei o cantor Zé Alexanddre no Festival de Jales, no interior de São Paulo. Éramos concorrentes e ficamos no mesmo hotel. Como já tínhamos feito “Alpendre” juntos, que foi um grande sucesso, propus a ele uma parceria.
Passamos o dia brincando com aquela melodia. Ele também achou complicado falar sobre o tempo e interpretou que a minha letra tinha um carácter meio que de auto-ajuda, devido ao meu refrão, e que ele achava complicado trabalhar esses temas.
Mas, pelo menos a harmonia, andou mais um pouquinho.
Em um outro festival, em Poços de Caldas, fiquei na casa do Zé, que tinha abandonado o Rio de Janeiro e adotado Poços. Fomos defender juntos a nossa “Alpendre” no festival “Viola de Todos os cantos”, em que fomos premiados.
Trabalhamos um dia todo em “outras águas” e também não concluímos. Mas, foi ali que ela ganhou seu nome, numa linda frase posta pelo Zé Alexanddre, aí já baseada em Heráclito, outro filósofo: “São outras águas movendo o mesmo moínho”. Adorei….finalmente estava quase pronta a letra…mas sentia que ainda faltava um verso.
Ela foi pra gaveta novamente.
Só no ano passado, quando fui fechar o repertório para o álbum “Outros sóis”, que estou lançando agora, me lembrei que tinha “Outras águas” e seria uma boa ideia coloca-la em contra ponto com “Outros sóis”
Foi então que, meio que na marra, fiz o último verso, finalizando a canção.
Liguei pro Zé cantá-la comigo…disse-lhe que era nossa parceria. Ele não concordou, dizendo que nem se lembrava mais o que tinha feito. Mas acabou gravando comigo e ficou linda”

A influência de Santo Agostinho e sua reflexão sobre o tempo está presente na canção. Como essa filosofia dialoga com sua visão pessoal da vida e da música?
Coincidentemente, na época em que comecei esta canção, eu estava lendo alguns pensadores e o da vez era Santo Agostinho. Fiquei fascinado pela forma em que ele tentava definir o tempo, só concluindo que sabe o que é, mas não sabe explica-lo.
“Que o passado, não é, simplesmente porque já se foi.
Que o Futuro também não é, já que ainda não existe;
O Presente é o “agora”, mas se permanecesse sempre presente e não se tornasse passado, não seria mais tempo, e sim eternidade. Então se o presente precisa se tornar passado para ser tempo, ele não é, porque o que é não deixa de ser.
Como aquele momento ali, em Ubatuba, quando comecei a fazer essa música, me exigia ser o mais presente possível e curtir os meus filhos e o mar, e o céu, e como o meu retrovisor é bem maior que o meu para brisas, tive um certo conflito, mas foi o que me inspirou a escrever sobre este tema.
Hoje , 60+, aprendi algumas coisas com estas reflexões: Que é sempre tempo de plantar, de colher, de recomeçar. E é isto que estou fazendo com este novo álbum.
A parceria com Zé Alexandre teve um papel importante no amadurecimento de “Outras Águas”. Como foi esse encontro e o que essa colaboração trouxe de especial para a canção?
O Zé é um cancioneiro como eu. Festivaleiro dos bons! É o cara que, desde que defendeu Bandolins, com Osvaldo Montenegro no Festival da Tupi, se não me engano, vive de festivais. Ganhou o último The Voice+ inclusive.
Tem uma musicalidade e uma voz invejável.
Começamos nossa parceria quando ele e o filho passaram uns dez dias comigo lá na roça, em Minas Gerais.
Não tínhamos celular na época e nem câmera fotográfica. Fomos levados a fazer uma música para registrar o momento. Assim nasceu a nossa “Alpendre”, gravada no meu disco de estreia “Carta ao Velho Rosa” e em um disco dele, e, além de vencedora de vários festivais está também dando no álbum de outro amigo “Claudio Lacerda”, que inclusive, dá nome ao álbum dele.
Quando “Outras águas” estava meio que “encalhada”, me recorri a ele e foi o que salvou esta música do esquecimento total.
Quando topou gravá-la comigo fiquei muito feliz, uma vez que enriqueceu mais ainda a nossa canção.

Com o lançamento de “Outras Águas”, você segue consolidando sua trajetória na música brasileira. Como você enxerga esse novo momento da sua carreira e quais são suas expectativas para o futuro?
Embora tenha passado dos sessenta, me sinto um menino recomeçando com o lançamento deste single, que faz parte de um novo álbum com 12 canções autorais.
Gravo pouco, só tenho 03 álbuns em carreira solo, mas, cada um que nasce, é motivo de muita alegria pra mim! Por ter dado vida a novas canções, que poderão bater asas, voar por ai, me levar a outros lugares. Com isto, nosso nome vai ficando um pouco mais conhecido.
Criamos sempre uma expectativa de que dias melhores virão, embora esteja meio chateado com os rumos que tem tomado as letras dentro da música brasileira.
Andam falando nada com nada. Mas tudo bem “São outras águas”!
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